domingo, 8 de agosto de 2010







Acho que às vezes sou radical demais. Mas não é por mal. Eu só queria que as pessoas fossem um pouco menos fingidas e, por consequência, um pouco mais sinceras.
Não gosto que me abracem sem que eu peça e digam 'eu entendo o que você está passando', primeiro porque elas não entendem!
Cada um sente uma dor de forma diferente. A dor da perda de alguém que se ama, a dor de um amor, a dor de um tombo até. Cada um suporta de uma forma diferente o que atinge seu coração. Você nunca vai sentir falta de alguém do mesmo jeito que outra pessoa sente, porque você não passou pelos mesmos momentos que ela, não sentiu as mesmas aflições e não deu as mesmas risadas. Não soube dos mesmos segredos e não brigou pelos mesmos motivos. Você nunca vai chorar com a mesma emoção que outra pessoa. Talvez você ame mais, ou odeie mais, queira mais ou despreze mais. Então não faz sentido dizer 'eu entendo o que você está sentindo'.
Segundo que se eu quisesse um abraço eu pediria. Ou simplesmente olharia e esse alguém, alvo do meu olhar, saberia o que eu quero. Se você me abraça porque acha que eu preciso, peço-lhe um favor: não me abrace.
Abraço pra mim é símbolo da união mais perfeita entre duas mentes. Não são só dois corpos juntos enquanto um dá tapinhas nas costas e outro recebe, meneando a cabeça.
Abraço pra mim é a forma mais simples de se dizer 'estou contigo. pode chorar. pode rir. pode ser você mesma do jeito que for, porque eu sei que todo mundo precisa disso uma hora, e essa é a sua' sem dizer nada. Porque mais que o abraço, eu amo o silêncio. Amo a comunicação por olhares e sorrisos, sem que as palavras interfiram. Porque palavras são lindas quando bem colocadas e trabalhadas, mas muitas vezes, por uma simples entonação, estragam um momento mínimo que faria qualquer diferença.
E o que me deixa mais infeliz em momentos assim, é saber que cada vez mais, pessoas que gostam de braços sentidos estão sumindo. Não sei de quem é a culpa, ou sequer se alguém é culpado, mas não existem mais pessoas que tenham um abraço verdadeiro. O ombro com o melhor caimento pra se apoiar o rosto e ficar ali por segundos que te fazem sentir o universo parar.
Não gosto de braços secos, abraços debochados, sem sentimento. Não gosto de nenhum toque insensível. Gosto de sentir a essência de cada gesto, mas me sinto uma anormal no meio de tantas pessoas sem sentido, que fazem coisas simplesmente por fazer e não pensam nem no que realmente vai importar daqui a alguns anos.
Não gosto que me perguntem 'tudo bem?' sem que realmente queiram ouvir minha resposta. Você não precisa ser a pessoa mais aventureira do mundo pra ter uma vida interessante. Basta gostar de olhar a capa de um livro e querer entender o porquê de cada gravura. São prazeres mínimos que se pode ter na hora do almoço, nos 15 minutos do lanche, na ida até a esquina pra encher o cartucho. Mas todos andam tão apressados que já se esqueceram que podem ser felizes com coisas mínimas.
E eu sou a deprimente.
Gosto de rir, rir daquele abraço jogado, só pra implicar, do amigo que você não via há semanas. Gosto de rir quando tropeço, de mim mesma ou dos outros. Ninguém é de ferro. Também gosto de implicar, mas parece que eu sou a única que ainda sabe rir de coisas idiotas sem se preocupar se outros vão te olhar torto e pensar 'que infantil'.. Sinceramente estou pouco me lixando para o que os outros pensam sobre o crescimento da minha maturidade. Se a sua alma é pequena, não queira interromper o crescimento da minha.

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